A Depressão vista pela Medicina Chinesa

Quem não se sentiu já um pouco deprimido? Ou muito? Com ou sem razão? O stress da vida moderna ajuda a isso, é claro.

A verdade é que é um estado chamado psicológico que afecta cada vez mais pessoas nos nossos dias, sendo Portugal o país da Europa e segundo no mundo com a percentagem mais elevada de pessoas afectadas (8% da população em cada ano)*. É considerado uma doença, que pode ser grave ao ponto de estar associada a 70% dos casos de suicídio.*

Na Medicina Chinesa a depressão não é vista como uma doença em si mas sim como um desequilíbrio interno da energia de alguns órgãos que provoca, em última análise, esse desequilíbrio psíquico. Ou, ao contrário, o desequilíbrio psíquico pode, mais tarde ou mais cedo, provocar um desequilíbrio na energia dos órgãos, afectando as suas funções e, por isso, manifestando-se em diversos sintomas físicos.

Quer isto dizer que, para a Medicina Chinesa e como em qualquer outra doença, a mente não é separada do físico. Pelo contrário, influenciam-se e podem transformar-se uma na outra. Do equilíbrio entre mente e físico nasce a harmonia e a saúde. 

Assim, a Medicina Chinesa, para além da queixa principal do paciente que, neste caso, dirá que sente angústia, tristeza, ansiedade, pânico, insegurança, desalento, etc, dará especial importância também aos sintomas físicos. Por exemplo falta de apetite, insónia, tremuras, opressão torácica, palpitações, diarreia, nó no estômago e garganta, falta de força muscular, cãibras, etc.

Cada um destes sintomas está ligado à função de determinado órgão e, ao existirem, significa que essa função está alterada. Compete-nos tratar os órgãos afectados para repor as suas funções equilibradas e assim fazer desaparecer os sintomas, fazendo com que, em última análise e através desse equilíbrio, também a mente e todos os sintomas psíquicos, se equilibrem. 

Obviamente, em acupunctura também há pontos para tratar a mente, para acalmá-la e tratar dos sintomas psíquicos. No entanto, se só isso fizermos e não tratarmos do lado físico, é provável que haja melhoras mas com muita probabilidade de recaídas, uma vez que o equilíbrio dos órgãos não foi reposto e, por isso, o físico arrastará a mente novamente. 

É claro que o contrário também é verdadeiro, ou seja, se tratarmos a mente não equilibramos também o físico? Sim, mas o melhor tratamento consiste em tratar os dois lados como se fossem um todo, como se pretende que seja. 

Por isso usamos em Medicina Chinesa pontos de acupunctura para a mente e outros pontos para equilíbrio sistémico, consoante o diagnóstico energético, fitoterapia com efeito ansiolítico mas que também equilibra a energia orgânica, massagem Tui Ná para ajudar à distribuição energética.

Vendo-o como um todo, ajudamos pois à reconstrução do equilíbrio do indivíduo que, aos poucos, recuperará a sua saúde mental e física.

Joaquim Morgado