Com a carrada de nervos dá-me para comer este mundo e o outro
Com a carrada de nervos com que ficamos por causa desta coisa do Novo Corona Vírus e do isolamento em casa, o que fazemos? Comemos, é claro!
Isto é especialmente verdade para os mais stressados. Os nervos dão para comer, normalmente. E sem poder sair de casa então… Ou para não comer, mas não vou falar destes, por agora.
Fechados em casa, entre algum trabalho e a televisão, as notícias e as séries, ler qualquer coisa, conversar com a cara-metade sobre as notícias do dia e a quantidade de infectados e de medidas extraordinárias. Dá-nos para comer. Ou porque vamos passando pela cozinha e petiscando aqui e ali ou porque levamos convenientemente uns quitutes para a frente da televisão e mastigamos sem dar por isso. E vamos engordando sem também dar por isso. Ou admiramo-nos se nos sentimos de repente enfartados como um peru de Natal. “Eu nem comi quase nada!”.
Sabe bem comer, faz bem aos nervos, acalma-nos a mente por uns instantes, faz libertar endorfinas das boas, se no meio do que comemos houver chocolate, pimentos ou piri-piri, por exemplo. Mas depois faz mal porque, como a minha avó me ensinou “tudo o que é demais enjoa”. E temos, sob pressão nervosa, tendência para comer demais e comer de forma não equilibrada. Mas é como sabe melhor, não é? Comer pouquinho e equilibrar saladinha com sopa, uma frutinha com umas nozes raquíticas ou meio hambúrguer de carne biológica magra com couves de Bruxelas cozidas, não se deseja nem a quem não gostamos.
O que nos sabe bem é, pelo contrário, o que desejaríamos ao inimigo. As bolachinhas com pepitas de chocolate, aquela mistura barata de frutos secos da Turquia e Ucrânia que vendem nos supermercados, umas batatinhas com maionese, queijos secos, de pasta ou derretidos ou um entrecosto frito com todo o seu sabor gordinho. Tudo regado por umas cervejas a estalar de geladas ou um vinhito especial com uns taninos suaves. Tudo em quantidades século XXI do primeiro mundo. Só assim o stress consegue ir um pouco abaixo e ter paciência para aturar a criançada que ficou à força em casa e o querido cônjuge que, também com os nervos em franja, decidiu logo agora ficar mais complicadinho. Mas também sabemos que, se o fizermos, vamos sobreviver ao vírus, mas redondinhos e com mais tendência para outras doenças como diabetes, avc’s ou aterosclerose.
Não vou dizer o que deveríamos comer, em que quantidades, o que nos faz bem ou mal. Em tempos destes não sei se isso tem cabimento. Mesmo sabendo que comer bem e equilibrado nos sustém e aumenta a imunidade, tão necessária se contactarmos de facto com o maldito vírus. Mas vou antes defender que é possível acalmar os nervos com comida sem fazer tanto mal e sabendo bem igualmente. Como? Também não sei exactamente mas pensei umas quantas coisas de que gosto.
Para os quitutes em frente à televisão:
- Palitos de cenoura crua, aipo, fatias finas de nabo ou rabanete, croutons de pão torrado feitos em casa com o pão duro, tomates cherry,
- Rodelas de batata doce assadas no forno (batata doce cortada em rodelas de 1 cm de largura. salpica-se com sal. Humedece-se com azeite. Vai ao forno a 200º durante 20 a 30 minutos remexendo de tempos a tempos para cozinhar por igual)
Para o petisca aqui e ali:
- Tostas com guacamole, queijo fresco, houmous
- Iogurte com mel
- Pedaços pequenos de pão com: Um pouco de azeite, iogurte com especiarias.
- Fava rica (fava seca demolhada, cozida e temperada com azeite e vinagre)
Em pequenas quantidades:
- Salada de orelha de porco, polvo, pota
- Pipis
Mais docinho:
- Salada ou pedaços de fruta sem açúcar
- Biscoitos com mel em vez de açúcar (poucos, se faz favor)
- Gelatina (sem adição de açúcar quando se prepara, se faz favor)
Bebidas:
- Beber água é importante.
- Cerveja sem ser gelada e em quantidades reduzidas, se possível. Beber bastante água antes de começar com a cerveja e depois dela.
- Vinho sem ser gelado e em quantidades reduzidas, se possível. Ir intervalando o vinho com copos de água.
- Limonada sem ser gelada e com pouco limão e açúcar.
- Mazagrin com pouco café ou com descafeinado, sem ser gelado.
Enfim, sugestões que vou também eu tentar cá em casa. A ver se não ficamos todos redondos por causa do vírus. Ou os que stressam e comem por isso, que são muitos.