A Medicina Chinesa deve ser utilizada na linha da frente? Não!

A medicina chinesa foi utilizada na China, nos hospitais mistos que por lá existem. A fitoterapia, a acupunctura e a ginástica respiratória foram usadas para os doentes internados, ajudando as terapêuticas da medicina convencional, a melhorar as respostas imunitárias e assim acelerar as convalescenças.

No imenso esforço que está a ser feito pelos cientistas em todo o mundo e no meio dos retrovirais e outros medicamentos que foram usados e experimentados na China aquando do início do surto, também alguns medicamentos fitoterápicos estão a ser estudados para comprovar a sua eficácia terapêutica face a este vírus.

Então faria sentido usar a medicina chinesa também nos nossos hospitais, mesmo que esta não pertença ao nosso Serviço Nacional de Saúde? 

Na minha opinião, Não!

Explicado de uma forma muito simplificada, a abordagem terapêutica da medicina chinesa assenta na estimulação do organismo para que ele possa por si só defender-se e corrigir desequilíbrios que tenha. Isso faz com que seja muito mais eficaz em doenças crónicas ou como terapêutica preventiva. Em doenças agudas, como é a covid-19, a medicina convencional é muito mais eficaz do que a medicina chinesa porque consegue contrariar e anular o agente patogénico, assim como sintomas, impondo-se artificialmente..

Neste caso, apesar de estarmos dependentes da resposta imunitária de cada doente, a medicina convencional tem meios para contrariar os sintomas até o sistema imunitário conseguir vencer a infecção viral, na sua maior parte das vezes. Essa resposta rápida à sintomatologia não seria possível só com a medicina chinesa. Como tal, o fortalecimento do sistema imunitário, neste caso e depois da infecção, não seria por si só eficaz.

Outras razões para que a medicina chinesa não seja utilizada nos nossos hospitais nesta crise, prendem-se, obviamente, com factores culturais, com espaço, logísticas, pessoal, higiene. Os chineses construíram, em tempo recorde, hospitais e espaços para acolher os doentes, grandes o suficiente para haver espaço para todos e para várias actividades. Nós lutamos com a exiguidade de espaços para tratamentos de emergência. 

A medicina chinesa poderá ter um papel importante depois desta crise e passado o período de emergência de contágio. E penso que seja nessa fase que nos devemos concentrar.

Não quer dizer que durante esta fase de isolamento e quarentena não nos preocupemos em manter e reforçar o nosso sistema imunitário para a eventualidade de contacto com o vírus. Para isso tento, com o que escrevo e com o contacto telefónico com os meus pacientes, dar conselhos, ensinar algumas técnicas, ajudar a pensar, acompanhar. 

Mas será depois, num tempo depois de todos termos estado fechados em casa por sei lá quanto tempo, obrigados a tensões e outras formas de stress, que desconhecíamos até aqui, que a medicina chinesa será muito mais útil.

Os tempos de incerteza que se adivinham, financeiros, políticos e humanos, também não nos deixarão tranquilos. Haverá, com certeza, mais casos de desequilíbrio energético, na perspectiva da medicina chinesa, emocional, físico e, consequentemente, imunitário.

É, nessa perspectiva, que me parece importante a medicina chinesa depois desta crise e não em contexto de emergência hospitalar. 

Mas não há só a linha da frente. Neste momento de isolamento e quarentena não posso, ou não devo, fazer consultas presenciais. Por isso a acupunctura e a massagem estão fora de alcance. No entanto, podemos trabalhar com fitoterapia, principalmente, e com digipuntura (pressão com os dedos nos pontos de acupunctura). Tentarei, através deste canal, fazer-vos chegar alguns exercícios que possam fazer em casa e que possa ser comum a todos. Para fitoterapia, terei de fazer uma primeira consulta e diagnosticar, excepto no caso de quem é já meu paciente 

Estarei disponível para consulta, aconselhamento, e acompanhamento fitoterápico via whatsapp, telefone e e-mail. (939 562 010)