Vacinas

É quase Natal e os testes Covid esgotaram em todas as farmácias, supermercados e afins. A minha farmácia deixou de atender o telefone porque não pára de tocar a todo o momento, com pessoas a tentar marcar testes Covid. Todos querem testes. Para os jogos de futebol ou para a festa de Natal da família, o teste impõe-se, para uns por obrigação para poderem ir aqui ou ali, para outros por segurança para poderem estar juntos com os entes queridos. 

O teste Covid marca assim uma necessidade para a vida normal e comum. Toda a gente quer fazer a sua vidinha do dia a dia sem constrangimentos ou restrições. Toda a gente sente a sua liberdade individual ameaçada se não o conseguir fazer. Toda a gente espera ardentemente alguma coisa acerca do caminho desta pandemia, para que a sua vida continue da melhor forma. Há quem deseje continuar a trabalhar online em casa, há quem desespere por ficar outra vez a trabalhar online em casa. Mas o maior medo é o de poder haver um novo confinamento.  O teste Covid vem assim consolar cada um dos que o puder fazer, permitindo aliviar ou limpar consciências do número de infectados que se espera depois do Natal e Passagem de Ano.

Ou seja, se eu fizer o teste não me venham depois dizer que tive culpas no cartório, quando esta coisa começar a subir e os hospitais a abarrotar. 

Mas não vai haver testes para todos, supõem-se. Os números de infecção que temos visto, mesmo que subindo neste período, demonstram claramente que a vacinação está a funcionar e que cumpriu o seu objectivo. O número de internamentos hospitalares é baixo, apesar de tudo, o de cuidados intensivos e mortes também, e estão maioritariamente ligados a casos de não vacinados e de co-morbilidades.

Por isso, e não havendo testes para todos, sabendo que cada um vai continuar a tentar fazer a sua vidinha de todos os dias o mais normalmente possível, sabendo que o Natal e Passagem de Ano vão fazer aumentar os contágios, sabendo que já ninguém tem paciência para mais confinamentos e restrições severas, não nos resta outra opção senão confiar nas vacinas e na vacinação.

O objectivo da vacinação é o de tornar a doença Covid benigna. Ou seja, podermos apanhar a doença mas não sofrer formas graves da doença ou morte. Como foi o objectivo com as vacinações de outras doenças, como a gripe, o sarampo ou a tosse convulsa. 

Penso que esse objectivo está cumprido, por aqui. Vamos ver o que se passará depois das festas, depois de novas variantes, depois de histerias colectivas. Para já, está a funcionar, com testes ou sem.